domingo, 1 de abril de 2012

Relato da Bicicletada da cidade de Mossoró/RN - Março de 2012


  
Chamada para a Bicicletada

O Verão acabou, as chuvas chegaram, as ruas estão alagadas e nós continuamos pedalando. Março é quando tudo volta a funcionar e Mossoró volta a ser Mossoró. O Apocalipse Motorizado não dá trégua um minuto sequer. Então vamos lá, amigos, ped...alar até o infinito e gritar por esse asfalto molhado, por que as ruas também são nossas.
Venha de patins, patinete, skate, tênis de caminhada, carrinho de rolimã e qualquer veículo movido a propulsão humana!






-  Relato da Bicicletada da cidade de Mossoró no estado do Rio Grande do Norte - Brasil, 
que ocorreu no dia 30/03/2012

A palavra “assustadora” descreve bem como foi a Bicicletada de março. Embora não seja a palavra mais adequada, é a primeira que me vêm à cabeça. Fugiu do comum chegar à praça do Teatro Dix-huit Rosado e já de cara encontrar em torno de 40 ciclistas. Graicy havia trazido um pacote com 50 balões de encher. Não deu para o começo, logo acabou e percebemos que mais pessoas estavam chegando. Pouco antes da saída do teatro, a quantidade de pessoas duplicou e acredito termos chegado pela primeira vez na marca de 3 dígitos. Não pude contabilizar, mas muitos presentes confirmam que passamos dos 100 ciclistas. Então, como de praxe batemos um papo antes de sair, dialogando sobre as motivações da Bicicletada e traçando táticas para seguir nossa ciclopasseata.

foto: momento final da Bicicletada -  30/03/2012

         Após esse furor inicial, empolgação por saber que mais pessoas apoiam a Bicicletada, por acreditar que mais pessoas também querem uma cidade com menos carros e mais pessoas querem outro modelo de cidade. Após o torpor causado pela empolgação, mergulhamos à realidade. Quando éramos apenas 10, facilmente conseguíamos manter o grupo organizado, homogêneo e de fato uma massa crítica.

          O fato de existirem novos adeptos, não justifica à nossa desorganização. Como foi visto muitas pessoas que ali estavam pela primeira vez seguindo à risca o que pré-estabelecemos em reunião, na concentração. Entre empinadas na contra mão e cortadas de sinal vermelho com metros de bexiga, vimos nossa Bicicletada dar mal exemplo. Durante todos os dias do ano, qualquer um têm o liberdade para correr em sua bicicleta a velocidade que bem entender, ou fazer passeio para a trilha que preferir, porém a Bicicletada não é uma competição. A Bicicletada é antes de tudo, uma organização política. Além de toda a descontração, além de um espaço democrático para a prática de exercício, existe um objetivo inerente à Massa Crítica de educar à cidade. E esse processo de educação visa atingir desde o motorista até o pedestre, passando pelo ciclista e todos os outros elementos que compõem o nosso trânsito. Estamos falando de mobilidade urbana e de uma cidade com mais espaços vivos. Um modelo melhor para a nossa urbe.


          Após receber broncas de ciclistas mais experientes dentro do grupo, fiquei encarregado de puxar mais uma reunião na metade do trajeto, onde tivemos um papo de conciliação, por assim dizer, onde repassamos as nossas regras de conduta. Apontamos os nossos erros e após isso seguimos pela Avenida João da Escóssia. Dali em diante o passeio não foi o mesmo. Conseguimos manter o grupo menos disperso e mais pessoas ajudaram a cantar nossas canções cicloeducativas.

          Lindo foi o coro que conseguimos fazer de frente à UNP. Um início de noite de convite às ruas, centenas de pessoas ouvindo o chamado ”DEIXE O CARRO EM CASA E VENHA PEDALAR”. Nos semáforos o nosso “QUEM GOSTA DE BIKE BUZINA” funcionou na maioria das vezes e gerou uma relação de cumplicidade entre nós e os motorizados.

          No restante do percurso muitos integrantes do grupo chegaram a mim dialogando sobre o quanto acham positivo estar fomentando esse tipo de manifestação e o quanto era prazeroso ali estar, participando de um momento tão nobre em nome da bicicleta.

          A bicicleta não só como objeto de ostentação. A bicicleta como um meio de transporte que não polui, como um transporte saudável e anti-caos urbano, anti-congestionamento.


          Podemos continuar sendo 100 ou até ser 1.000 de maneira organizada, basta que todos entendam o sentimento por trás de tudo. Que a Bicicletada seja a nossa celebração mensal, onde todos os grupos de ciclistas (Pedal Mossoró, Ciclismo Mossoró, Trilheiros Mossoró, Os Sem Grupo Mossoró) possam manifestar o seu desejo à cada dia mais pulsante de ter uma dinâmica urbana mais apropriada para o uso de nossos pedais.

          Tenha você carro ou não, tenha você uma Specialized ou uma Monark Barra Circular, você necessite da bicicleta para a sua mobilidade diária, ou use apenas como uma prática esportiva, você está nas ruas cotidianamente. Todos estão passíveis a uma machadada do Thor. Que possamos unir nossos gritos em nome de uma “ciclomossoró” melhor.

        A Bicicletada é minha, é sua, é de todo mundo. A Bicicletada não é de ninguém. E que o bom exemplo  comece por cada um de nós!
Um Carro a Menos!
Bicicletada Mossoró


Postagem Retirada do Blog  - http://bicicletadamossoro.blogspot.com.br/
escrito por: Pedro Mendigo



2 comentários:

  1. "Todos estão passíveis a uma machadada do Thor." HAHAHAHAHA boa Pedro!

    Muito massa o relato, bom saber como funcionam as coisas em outros locais. Já realizamos bicicletada aqui em Campina Grande, mas foi uma experiência diferente rs

    Novas formas de encarar e de se organizar surgem com esses relatos e com a experiência vivida por vocês.

    vespa.

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  2. Obrigado pelo comentário, Vespa. E valeu Heresia Coletiva por propagar nosso relato. Estamos juntos e assim somos mais!

    Boa sorte à Bicicletada Campina Grande, também.

    Pedro

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