segunda-feira, 9 de julho de 2012

Conto: Instinto Primordial

Logo abaixo segue um conto sobre a vontade de uma menina(?) de voltar a desejar/sentir e recuperar seus sentimentos mais primitivos -como o amor e ódio-, que foram roubados pela modernidade, pela pressa. Sentimentos furtados pela dinâmica conformidade.
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INSTINTO PRIMORDIAL

No primeiro incandescente raio solar, Annie partiu. Deslizou a procura de sentimentos que a tornasse viva. Instintos que a exorcizasse da horrível sensação de ficar estagnada. Livrar-se de toda raiva e pilantragem que a cercava.
Mas viver em uma terra mecanizada e ao mesmo tempo querer falar sobre amor(e ódio) era classificado como "horrendo", uma tarefa nada fácil. Demonstrar afeto era uma atitude revolucionária. Diante de tanto cimento e poluição, o brotar da flor era um sinal de subversão.

Mesmo com tamanha dificuldade, Annie sem muito pensar, se jogou ao vento e esperou ele lhe guiar ... Dele recebeu conselhos e indicações de agradáveis lugares, livres de pessoas, claro. Conselhos que foram ditos em vão, já que devido a sua desobediência, ela acabou dando de cara com uma cidade nada diferente da qual estava acostumada. Uma rota barulhenta e motorizada.
Nessa cidade os vidros dos carros pareciam impossibilitar e negar toda forma de contato. O estrangeiro que trazia sua cultura plural e diversa era temido, pois como popularmente falavam: "não deviam misturar" (e muitas pessoas jamais ousariam de questionar isso). Pro seu próprio azar, Annie foi recebida sob ameaças.

Ao observar a situação, o vento sussurrou por última vez e então a dúvida caiu sobre a cabeça de Annie: "fugir era o melhor a se fazer?", talvez não, mas isso a deixaria viva. Esconder-se de humanos e desfrutar de sua animalidade se fazia necessário. Agora Selvagem.

por Allan Gomes


Um comentário:

  1. menos humano, mais instintivo!
    valeu mesmo por postar, Luan, hehe

    allan gomes

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